sábado, 30 de janeiro de 2010

oh, sweetheart?

     
- Bom dia! - sussurrou ele, fazendo-a se arrepiar.
- Bom dia, sweetheart. - respondeu ela.
Por que soava tão infantil? Quer dizer, era uma forma de descrever a doçura dele para com ela, mas, tinha de ser em inglês? Ugh. Ela tinha raiva disso às vezes, tudo que dizia soava tão falso. Não que fosse, porque certamente não era. Mas parecia... Pelo menos para ela. Tomara que ele nunca perceba, pensou.
Os pensamentos aconteceram por meio segundo, mas lhe pareceu uma eternidade. Bom, mas foi o bastante para ele a encarar com aquele olhar que ela tão bem conhecia. Tão lindinho. Olha aí de novo! Lindinho? Por que não, ''lindo''? Ugh.
- O que é que você tem?
- Ahn... Nada. Apenas estou pensando.
- No quê?
Ele tinha essa mania. De querer saber seus pensamentos justamente quando não era para fazê-lo. O que ela iria dizer? ''Sweetheart, eu simplesmente acho que não consigo dizer as palavras certas, de como eu te amo''. Tudo bem, sem o sweetheart, talvez. Pensou, pensou, e por fim suspirou.
- Eu não consigo dizer as palavras certas.
Uau! Sem nenhum diminutivo, ou... Sweetheart.
- Dizer as palavras certas para o quê?
Por quê? Por que ele não podia apenas adivinhar seus pensamentos sem que ela precisasse dizê-los? Agora ele deveria adivinhar.
E foi aí que percebeu. Numa pergunta aparentemente boba em seu interior, percebeu o porquê. Tinha certa vergonha de dizer exatamente o que dizia. Mas se tinha, como conseguira escrever todas aquelas cartas apaixonadas para ele? Hm, porque talvez, fosse fácil escrevê-las. Mas acabara entendendo, se escondia em diminutivos e palavras em inglês para aliviar o constrangimento de dizê-las.
Não, isso não está certo, pensou ela. Era ridículo. Não é certo, sendo que ela o amava perdidamente e queria - e muito - dizer isso a todo momento. Queria expor que a sua vida se resumia a uma palavra: ele. Que ele era o cara certo, que nunca iria amar ninguém assim.
Subitamente, tomou uma decisão. Nunca mais faria isso, de tentar esconder o que sentia, mesmo que sem querer. Não abriria das palavras ''fofinhas'', é claro, mas diria com todas as palavras o que sentia por ele. Novamente, pensou terem se passado horas, quando apenas só tinham se passado segundos. Então, quando retornou à realidade, se aproximou mais ainda do corpo dele, segurou sua mão fortemente, mas sem apertá-la. Seu rosto ficou a centímetros do dele, e se afogou por alguns instantes naqueles olhos que diziam simplesmente tudo o que não conseguia dizer. E olhando naqueles olhos, começou:
- Dizer com as palavras certas ''eu te amo''...
Ele a interrompeu.
- Mas, eu sei que me ama!
- Sim, eu sei que sabe. Mas às vezes, gostaria de dizer isso de uma forma melhor, menos fantasiosa e que pareça mais verdadeira. Sempre que eu lhe disse que te amava, era verdade, mas sentia que não soava como eu queria. Posso começar agora, sem me interromper? - e riu.
- É claro que pode, estou esperando!
Ah, sempre aquele bom humor. Uma das coisas que ela amava tanto.
- Essa é uma das coisas que eu nunca consegui dizer... Esse seu jeito. Sempre brincalhão, o bom humor. Eu sempre amei isso, porque também me faz rir. Eu te amo por isso e tantas outras coisas. Não são motivos, pois ninguém ama o outro por isso, ou aquilo. Mas são coisas que me fazem te amar mais ainda. Todas as vezes que me liga durante a madrugada, todas elas, sinto que meu coração pode sair pela boa a qualquer momento. Mesmo depois de tanto tempo... Eu ainda sinto isso. Sinto o arrepiar sempre que chega mais perto. As borboletas no estômago toda vez que segura a minha mão. E os beijos? Meu coração acelera e bate desesperadamente... E quando você vai embora, ele pára de bater. O que eu faria sem você por perto? É você que faz minha vida ter sentido, e ela têm, pois você está nela. E quero que esteja para sempre.
Ele não disse nada. Pela primeira vez, não disse uma palavra sequer. Isso a assustou, ele apenas ficou lá, a olhando daquele jeito.
- O que foi? Eu disse algo que...
E assim, ele colocou o dedo em seus lábios para fazê-la parar de falar. E não disse nada. Apenas a beijou com nunca havia beijado, depois de tantos beijos... Todos eram maravilhosos para ela. Mas este, era especial. Ela sentia a paixão, todo o amor. Sentia em todos os outros, mas nesse, havia a necessidade de expressar exatamente o que sentia.
     

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